13 julho 1975: agricultores unem-se em Rio Maior

A 13 de julho de 1975, os Agricultores unem-se em Rio Maior.

Defender a sua iniciativa livre e, mais do que a simples agricultura, a cidadania e a democracia foi o que os uniu.

Este poderia ser o título de jornal do dia 13 de julho de 1975 dando conta dos acontecimentos passados em Rio Maior naquele dia, e nos que lhe seguiram.

As propriedades e os Grémios da Lavoura vinham a ser ocupadas a partir do sul do país, dada a influência que os partidos da esquerda mais radical tinham na altura.

     

     

Mas, em Rio Maior este movimento parou.

Uma fuga de informação pôs os agricultores em alerta e ao saberem que o seu Grémio estava prestes a ser ocupado, os populares mobilizaram-se e assim protegeram o seu Grémio.

Os alegados ocupantes vinham de Alpiarça e arredores.

Os Agricultores da zona de Rio Maior, opõem-se assim à ocupação do “Grémio da Lavoura” local, levada a cabo pela designada “Liga de Pequenos e Médios Agricultores”, abertamente conotada com o PCP.

Milhares de pessoas uniram-se aos agricultores, e no calor do momento as sede do Partido Comunista e da Frente Socialista Popular, em Rio Maior, foram destruídas.

Os ânimos acalmam horas depois com a chegada de militares vindos do Regimento de Infantaria nº 5, de Caldas da Rainha.

No dia seguinte os ânimos voltaram-se a inflamar com os comentários que apareceram nos jornais vindos de Lisboa e que eram controlados pelo Conselho da Revolução.

Os jornais chamavam ‘arruaceiros’ aos riomaiorenses e levou a que a população mais uma vez se unisse, destruindo todos os jornais vindos de Lisboa.

Como não houve repressão policial, estas ações alastraram-se a outros Municípios, sobretudo a norte do país.

Como curiosidade, alguns dias antes tinha sido “apresentada” a “moca de Rio Maior”, numa criação do “Abílio das Lenhas”, objeto que ficou associado a estes acontecimentos.

Neste momento de união de agricultores, nasce o embrião da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) que viria a ser fundada em novembro desse ano, brotando de uma magna reunião em Rio Maior.

     

     

Feriado nesta data

De 1976 a 1985 o Feriado Municipal de Rio Maior celebra-se a 13 de julho, denominado por “Dia do Agricultor Livre”.

Hoje, subsiste a Avenida 13 de julho, que liga a Estrada Nacional 1 (EN1) à Estrada nacional 114 (EN114).

Não deixa de ser uma homenagem justa a ligação de 2 vias estruturantes, e o que significaram e significam para a região e para o país [comentário nosso].

José Valério Colaço, conhecido técnico farmacêutico local, hoje aposentado, era um jovem ligado à música, à cultura e ao movimento da sociedade.

Registou com a sua câmara fotográfica alguns dos momentos daquele “turbilhão de acontecimentos” vivido nas ruas de Rio Maior, naquele momento e nos anos em que se seguiram, captando a prova da solidariedade e união de cidadãos, trabalhadores e proprietários, na defesa da sua terra, do seu país e da democracia livre.

     

No convívio de agricultores e de quem se lhes juntou, até poderíamos pensar num “record para o Guiness”: o grelhador mais comprido, improvisado com tijolos.

Naquele que é o Jardim Municipal, frente à “Garagem dos Claras”, mais tarde da Rodoviária Nacional.

     

     

Região de Rio Maior agradece, a José Valério Colaço, a deferência da cedência das fotografias para ilustrar a presente publicação.

[fonte e imagens: RRM, José V. Colaço, Cidadania RM, JN]

Veja Também:

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments