As “terras raras” são um grupo de 17 elementos químicos com nomes pouco conhecidos — como neodímio, lantânio ou praseodímio — mas com um papel decisivo na tecnologia moderna.
Presentes em quantidades mínimas, mas com enorme utilidade, são essenciais para a produção de motores elétricos, turbinas eólicas, painéis solares, baterias de carros elétricos, equipamentos médicos e até em armamento de alta precisão.
São elementos fundamentais porque têm propriedades magnéticas, elétricas e óticas únicas que os tornam insubstituíveis em muitos equipamentos tecnológicos.
No caso da União Europeia (UE), são listados 34 elementos e denominam-se “matérias-primas críticas”. Dentro desses 34 minerais, estão 17 elementos químicos da tabela periódica, a que se dá o nome terras raras.
Não haviam as modernas televisões e smartphones sem eles
Por exemplo, o Ítrio, o Európio, e o Térbio, são essenciais nos ecrãs LED, LCD e OLED de televisores, computadores e smartphones, para dar cores vivas e contraste, sendo ainda usados em lasers de fibra ótica e sensores.
O Lantânio, o Cério, e de novo o Térbio são plicados em lâmpadas fluorescentes, LEDs e faróis de automóveis, para produzirem a luz branca, aumentando a eficiência energética.
Sem estas “terras raras”, o mundo moderno parava. São invisíveis aos olhos do consumidor, mas sem elas não existiriam carros elétricos, smartphones, turbinas eólicas, equipamentos médicos de precisão nem sistemas de defesa modernos, por exemplo.
Apesar do nome, não são particularmente raras na crosta terrestre. O desafio está em encontrá-las em concentrações economicamente viáveis e em extrair e refinar os minérios com impactos ambientais controlados.
Terras raras dão “valor” à Ucrânia no processo de paz
A Ucrânia tem mais de uma centena de grandes depósitos de minerais críticos, além de reservas de petróleo e gás natural. Tem também titânio, lítio e as maiores reservas de urânio da Europa.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vê na concessão das terras raras da Ucrânia uma forma de compensar a ajuda enviada a Kiev nos últimos anos, depois da invasão russa, tendo assim proposto um pacto para a criação de um fundo para administrar as receitas provenientes da exploração de minerais.
A verdadeira ambição é reforçar o poder das “big Tech” norte-americanas e, para tal, é necessário garantir estes recursos naturais.
A China domina mas Portugal também tem potencial
Atualmente, a China domina mais de 80% da cadeia mundial de produção, o que levanta preocupações geopolíticas sérias e uma corrida global para diversificar o fornecimento.
Portugal poderá ter um papel relevante neste xadrez estratégico.
Estudos geológicos apontam para o potencial de ocorrência de terras raras em várias regiões, nomeadamente no norte (Trás-os-Montes, Alto Minho) e no centro do país (Beiras), em especial em zonas ricas em granitos e pegmatitos.
A Serra da Arga, o planalto de Barroso e áreas da Beira Interior têm sido alvo de prospeção por empresas nacionais e estrangeiras, em busca de elementos como o lítio, mas também com potencial de terras raras associadas.
Num futuro onde a transição energética, a mobilidade elétrica e a autonomia tecnológica europeia se tornam vitais, Portugal poderá vir a ser mais do que um simples observador.
Se souber conjugar responsabilidade ambiental com inovação mineira, o país poderá estar sentado sobre um recurso estratégico de valor incalculável.