O Conselho de Ministros está reunido neste momento e pretende oficializar a escolha de Alcochete para a localização do novo aeroporto.
Daqui a pouco, às 18h00, o primeiro-ministro Luís Montenegro fará a comunicação, ao mesmo tempo que anuncia a intenção de acordar com a ANA obras de reforço da capacidade do aeroporto da Portela.
Isto, porque as obras vão demorar 10 anos e até lá é preciso gerir o crescente tráfego aéreo que ocorre de e para Lisboa.
Governo segue a decisão da CTI
Esta decisão, no Campo de Tiro de Alcochete, segue a recomendação da Comissão Técnica Independente (CTI), anunciada a 5 de dezembro de 2023, no LNEC, em Lisboa.
Se seguir as recomendações da Comissão Independente em todos os aspetos, o Governo fica obrigado a construir um acesso ferroviário para o novo aeroporto recorrendo à nova ligação de alta velocidade Porto-Lisboa.
A ligação de alta velocidade ao aeroporto não terá quaisquer encargos diretos para o projeto, uma vez que nova linha aproveita a construção da terceira travessia do Tejo, com os custos integrados na ligação Lisboa-Madrid. Terá de estar pronta em 2030 para servir o Campeonato do Mundo de Futebol, como prevê o caderno de encargos da competição revelado pelo ministro do Interior espanhol.
Rio Maior a mais 2 kM e mais 5 a 10 minutos
O Campo de Tiro de Alcochete localiza-se a 45 quilómetros de Lisboa, junto à reta do Infantado, entre Santo Estêvão, no concelho de Alcochete, e a Canha, na zona rural do concelho do Montijo.
Do centro da cidade de Rio Maior, usando o IC2 até Aveiras de Cima, o que nos leva pela A1 até Vila Franca de Xira, local onde se atravessa o rio Tejo e depois em direção ao Campo de Tiro de Alcochete, onde ficará o novo aeroporto, são 78 kM.
A uma velocidade regulamentar demorará cerca de 1 hora e 5 minutos a percorrer, com um custo aproximado de 10 a 12 euros, o que inclui portagem.
Esta “nova distância” compara com a atual, entre o mesmo centro da cidade de Rio Maior e o atual aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, onde a distância é de 76 kM e o custo da viagem cerca de 1 euro mais caro, entre 11 e 13 euros, por causa da maior distância em autoestrada (A1) e, logo, mais portagem. O tempo cifra-se em cerca de 55 minutos.
Era Santarém que melhor nos servia
Sendo Alcochete, no concelho de Benavente, também distrito de Santarém, era no entanto Santarém, mesmo, que maior desenvolvimento regional poderia trazer a toda esta região centro-oeste, tal como os estudos da própria CTI o confirmaram.
Rio Maior estaria a 36 kM da entrada do aeroporto, numa viagem de 40 minutos e um custo estimado de 6 a 8 euros, pela A15 e depois pela A1, em direção a norte.
A opção Santarém cai assim, devido à distância a que fica de Lisboa e a dificuldade de reforço e interligação ferroviária (a linha de alta velocidade está prevista passar por Rio Maior-Alcobaça e não por Santarém), e aos problemas levantados quanto ao tráfego aéreo que colide com os interesses da Base Aérea Militar de Monte Real – NATO.
Já o Montijo, tornou-se insustentável depois da Agência Portuguesa do Ambiente ter chumbado a renovação da declaração de impacto ambiental com base nos vários riscos ambientais levantados, para além de problemas de expansão futura, já descritos pela CTI.
Nesta opção de Alcochete, e considerando a área de exclusividade dada na concessão à ANA/VINCI, de 75 kM em redor de Lisboa, perante a qual a ANA/VINCI terá anunciado a intenção de um pedido de indemnização de 5 mil milhões de euros, ainda não é conhecido o eventual acordo a existir para a resolução deste eventual impasse.
Também ainda não são conhecidas reações dos interessados em outras localizações, nomeadamente, do consórcio Magellan 500, em Santarém.
[Imagens: Diário do Distrito de Setúbal, RRM, Via Michelin]