O Dia Mundial da Hipertensão é celebrado anualmente a 17 de maio com o objetivo de promover a consciencialização pública sobre o perigo desta doença, como a prevenir e controlar.
O que é a Hipertensão Arterial?
A tensão arterial é a força exercida pelo sangue nas paredes das artérias. A tensão arterial elevada implica que o sangue está a exercer demasiada força nas artérias, aumentando o risco de doenças como enfarte cardíaco, AVC (trombose) e insuficiência renal.
Estima-se que, em Portugal, 42% dos portugueses tenham esta patologia, que é considerada o principal fator de risco cardiovascular.
E um dos problemas é que 1 em cada 4 pessoas não sabe que tem HTA, daí ser muito importante o rastreio.
Rio Maior, pertencente ao grupo de Unidades de Saúde Locais na Lezíria do Tejo, apresenta uma elevada percentagem de HTA entre os seus Utentes, atribuída, “por graça”, ao facto de ter as Salinas.
A este propósito a Sociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral enviou-nos um artigo, do Dr. Denis Gabriel, médico neurologista e membro da Direção desta Sociedade sobre a relação entre a hipertensão arterial e o AVC.
Dr. Denis Gabriel
Neurologista
Membro da Direção da Sociedade Portuguesa do AVC
O aumento da esperança média de vida, uma das maiores conquistas da sociedade moderna, teve como consequência o aumento das doenças neurológicas relacionadas à idade, incluindo o acidente vascular cerebral (AVC). Este, além de uma elevada mortalidade, está associado à incapacidade funcional e à dependência.
Podemos definir a pressão arterial como a força que o sangue exerce na parede das artérias. A hipertensão arterial (HTA) ocorre quando o fluxo sanguíneo exerce demasiada “força” ou pressão nas artérias.Define-se pela presença de valores de pressão arterial sistólica iguais ou superiores a 140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica iguais ou superiores a 90 mmHg, em mais de uma avaliação. A longo prazo, pode causar lesões nas artérias, resultando em zonas de fragilidade que podem levar a hemorragias intracerebrais e promover a formação de placas de aterosclerose ou coágulos sanguíneos. De acordo com a Sociedade Portuguesa de Cardiologia, a HTA afeta cerca de 40% da população adulta. Destes, menos de metade está medicada com medicamentos anti-hipertensores e estima-se que só cerca de 11% tenham a HTA controlada.
O trabalho de divulgação pública dos sintomas de AVC permitiu uma melhoria no seu reconhecimento e chegada aos serviços de urgênciaOs avanços recentes no tratamento do AVC isquémico e na gestão eficaz dos fatores de risco vasculares, incluindo a HTA, provavelmente contribuíram para uma redução de cerca de 39% no número de anos de vida saudável perdidos após um AVC entre 1990 e 2021, conforme o Global Burden of Disease 2021. Entre as doenças neurológicas, o AVC continua a ser o “campeão” mundial de anos de vida saudável perdidos (ou DALYs, de disability-adjusted life years). De acordo com a mesma fonte, 84% desta perda poderiam ser prevenidos se houvesse uma redução da exposição aos fatores de risco.
Entre estes, a HTA é o fator modificável número 1. Contribuem para o aumento do risco a inatividade física, a obesidade, o consumo elevado de álcool e a dieta rica em sal. Portanto, a melhor prevenção envolve manter uma dieta saudável com baixo consumo de sal, manter um peso adequado, praticar exercício físico regularmente, evitar altos níveis de stress e não fumar. Por conseguinte, estes hábitos contribuem significativamente para a saúde cardiovascular.
Lembre-se de que a HTA muitas vezes não causa sintomas específicos, como tonturas, o que significa que muitas pessoas podem ter HTA sem saber. Por este motivo é importante verificar periodicamente a sua pressão arterial. Se lhe for diagnosticada uma HTA, cumpre as recomendações e tome a medicação anti-hipertensora que lhe for prescrita. Lembre-se que só poderá haver uma efetiva redução do risco se mantiver a pressão arterial controlada. Para isso, é muito importante cumprir as recomendações do seu médico/enfermeiro e manter vigilância periódica.
[Imagem: SPAVC]