Não há nadadores-salvadores que cheguem
Abre hoje a época balnear para as praias do centro e sul.
No Algarve já abriu a de 15 de maio e nas praias do norte abre a 17 de junho.
Nas águas interiores o início da época balnear vai ocorrendo entre junho e julho.
Tal como na abertura, também o encerramento da época balnear será progressivo a partir do fim de agosto, prolongando-se até 30 de outubro com o encerramento das últimas praias, localizadas no Porto Santo (Madeira).
Na região Oeste desde 22 de abril que a praia da Foz do Arelho passou a ser vigiada por nadadores-salvadores aos fins-de-semana e feriados, dando resposta à afluência de banhistas antes do início da época balnear.
A iniciativa resulta de um protocolo entre a associação Oeste Rescue e a Câmara Municipal das Caldas da Rainha.
Quanto ganha um nadador-salvador?
O nadador-salvador é o profissional que exerce a atividade de salvamento em meio aquático.
Na região, as escolas de formação para nadadores-salvadores estão em Caldas da Rainha, Peniche, Nazaré, Coruche, área de Lisboa, e são certificadas pelo Instituto de Socorros a Náufragos (ISN).
O salário médio de um nadador-salvador em Portugal é de 1030 € por mês (16 480 € por ano), estando 280 € (-21%) abaixo da média salarial portuguesa.
A remuneração de um nadador-salvador pode começar com um salário base médio de 660 € por mês, enquanto o salário máximo pode exceder 1400 € por mês.
Um nadador-salvador iniciante, com menos de 3 anos de experiência profissional, pode esperar um salário médio de 720 €.
Já um nadador-salvador a meio da carreira, com 4 a 9 anos de experiência, pode ter um salário médio de 970 €, enquanto um nadador-salvador experiente, com 10 a 20 anos de experiência, ganha em média 1210 €.
No topo, em final de carreira, com mais de 20 anos de experiência, pode esperar um salário médio de 1290 €.
Os “ordenados”, são assegurados pelas autarquias e/ou por concessionários, e podem variar entre os seis e os 10€ por hora, sendo que nunca ficam abaixo do salário mínimo. A esta remuneração podem acrescer subsídios de alojamento ou alimentação.
A carreira não cativa mão-de-obra
Em entrevista à Rádio Renascença, o Diretor do Instituto de Socorros a Náufragos, o Comandante Paulo Rodrigues Vicente, afirma “que é preciso cativar e reter jovens para esta função”.
“Não há retenção nesta atividade e, frequentemente, o sistema tem de ser alimentado pelos jovens que, terminado o ano escolar, veem esta atividade sazonal uma oportunidade para amealhar dinheiro”.
Lamenta que quem faz o curso na maioria esteja apenas um ano nas praias e não defende a redução da idade permitida para ser nadador-salvador (que é hoje de 18 anos e se discutiu se poderia baixar para 16).
Para Paulo Vicente uma solução passa por “apostar na criação de uma carreira especial na Função Pública, para nadadores-salvadores, por categorias, que permita progressão. Isso sim: era uma resposta efetiva.”
Diz em complemento que “temos 29 estações salva-vidas guarnecidas com pessoas e meios. Se isso existe para o salvamento marítimo, na parte de assistência a banhistas também devia ser criado algo similar.”
Considera ainda que falta aos portugueses responsabilidade individual para evitar acidentes e mortes das praias.
Mas estamos a importar salvadores do Brasil!
O ISN tem, desde 2021, um protocolo com a associação de nadadores-salvadores brasileiros, e tenta garantir a deslocação de uma equipa ao Brasil, onde há candidatos que se submetem a exame de aptidão técnica e são certificados lá, podendo vir depois para o nosso país.
Quanto custa um curso de nadador-salvador?
Os cursos de nadador-salvador de praia ou piscina têm um custo que pode variar entre os 200 e os 350 euros.
O curso prevê 150 horas de formação pratica e teórica e a certificação, que é válida durante três anos, este ano será estendida até ao final do ano.
Este ano a taxa de retenção ronda, para já, os 48%, com 543 nadadores formados e onde 517 foram reprovados.
Quantos são?
Há 4 292 nadadores-salvadores, que é um número que ainda sofrerá um incremento porque decorrem ainda exames de aptidão técnica e espera-se chegar ao número normal para o nosso país que é de 5.200-5.500 nadadores.
O grande problema está no facto dos nadadores certificados num ano serem muito poucos e onde muitos já não vão desempenhar essas funções no ano a seguir.
Praias sempre a aumentar. Mais de 800 salvamentos num ano
Nos últimos três anos, o número de praias onde se pode tomar banho aumentou significativamente, muito também graças às fluviais, e contas feitas são mais cerca de 100 praias.
A época balnear de 2023 vai integrar 589 praias de banhos, mais 4 que o ano passado (2022) o que se entende como locais onde a “vigilância e a assistência a banhistas estão asseguradas por nadadores-salvadores”, totalizando ao todo 658 águas balneares (locais onde há água e estarão nadadores-salvadores).
Destas, 394 praias foram premiadas com a Bandeira Azul, mais uma do que no ano passado.
O ano passado foram feitos mais de 800 salvamentos, dos quais 26 pessoas não resistiram, mas 10 deveu-se a doença súbita.
Faltam ainda desfibrilhadores nas praias, mas os nadadores saem dos cursos a saber usá-los.
Bons momentos de lazer, mas nunca esqueça: há mar e mar, há ir e voltar!
[imagens: AMN, Time Out e Visit Portugal]
