Nobre: de volta à greve e para continuar

Os trabalhadores da Nobre Alimentação, mobilizados na porta da fábrica de Rio Maior, exigiram hoje respeito e refizeram o lema da empresa “Somos uma Família Nobre”, gritando: “Somos uma Família Pobre”.

Em declarações à Lusa, Inês Santos, delegada sindical na empresa, afirmou hoje que das perto de uma dezena de cadeias de produção da fábrica, apenas uma está a laborar (produção de salsichas) e outra (fumados) apenas em parte, com uma adesão de perto de 90%, dos cerca de 600 trabalhadores da empresa.

Trabalhadores e sindicatos exigem o aumento dos salários, a diferenciação por categorias profissionais, 25 dias de férias, 35 horas de trabalho semanal, direito ao dia de aniversário e diuturnidades.

Há 37 anos com o ordenado mínimo

Inês Santos, que trabalha na Nobre há 17 anos, disse que dentro do próprio grupo a situação dos trabalhadores portugueses, cuja qualidade do trabalho é reconhecida, é única, pois em nenhuma outra empresa na Europa se paga o salário mínimo.

Ana Constantino, trabalhadora há 37 anos naquela empresa, disse que participa na luta por ser “triste e de lamentar” que só leve para casa o ordenado mínimo” ao fim de tantos anos de trabalho, e porque é exigido por lei”, se não “nem isso” pagariam.

Em Espanha ganha-se mais

Aqui, Inês Santos, volta a afirmar que “em Espanha, pela mesma função que eu desempenho [embalagem de produtos fatiados], um colega ganha 1.800 euros e, o que o presidente do grupo nos diz nas reuniões internacionais, é que as verbas são geridas pela administração de cada país”, disse, assegurando que Portugal é o que gera mais lucros e o que é reconhecido pela melhor qualidade dos seus produtos.

Os trabalhadores, que fizeram greve, pelos mesmos motivos, em 08 de março de 2017 e no passado dia 09 de fevereiro, aprovaram uma moção a apresentar à empresa, na qual dão um prazo de 30 dias para terem uma resposta, determinados a, na sua ausência, “voltar à luta”.

Sem qualquer aumento desde 2009, apenas os decorrentes das atualizações do SMN, obrigatórias por lei, os cadernos reivindicativos dos trabalhadores apresentados à administração levam como resposta “desculpas, como a crise, a guerra, o aumento das matérias-primas”, o que “não faz sentido” numa empresa que “gera milhões de lucros”.

Questionada pela Lusa sobre a paralisação dos trabalhadores, a Nobre Alimentação afirmou que está “sempre atenta às necessidades” dos “colaboradores e da empresa”, as quais discute com os sindicatos, “de forma positiva e transparente”, em “reuniões frequentes”.

“Reiteramos o nosso compromisso de disponibilidade para dar continuidade às reuniões regulares e, juntos, olharmos para o caminho a seguir”, afirma a empresa.

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