Rio Maior amanheceu com “cheiro a azeitona” no ar

Rio Maior, e arredores, amanheceram hoje com um odor a bagaço de azeitona no ar, tal como já havia acontecido durante alguns dias de janeiro.

Pese embora toda esta região padeça do mesmo fenómeno, zonas há em que o “cheiro a bagaço de azeitona” menos se faz sentir devido a maior intensidade dos ventos ou até por existirem outros odores que “disfarçam” este.

É Lisboa, Sintra e até Torres Vedras que têm registado mais queixas, tal como a margem sul, nas zonas de Almada e Barreiro.

 

Odor vem do Alentejo e das fábricas do bagaço de azeitona

Sofia Teixeira, investigadora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, avançou esta tarde ao Observador – onde nos baseámos para “explicar” este fenómeno que também atingiu Rio Maior, que tudo se deve a fábricas que processam bagaço de azeitona no Alentejo.

E pode vir a tornar-se cada vez mais frequente.

Segundo aquela investigadora adiantou ao Observador, a origem do odor incómodo são as fábricas de processamento de bagaço de azeitona, que se localizam no Alentejo, e que funcionam em “regime de laboração intensiva”.

 

E é o vento que traz

É o vento de sul/sudeste, que se tem feito sentir por estes dias, que empurra o cheiro a azeitona para norte, em direção à região centro e a Lisboa, o que aumenta “a perceção deste tipo de odores”.

O vento tem tido uma intensidade fraca a moderada, mas é o suficiente para trazer o odor e o manter por cá durante algum tempo. Se fosse mais forte varria o cheiro mais depressa e talvez não se sentisse.

Normalmente, o vento predominante na área de Lisboa sopra na direção norte/noroeste, sendo o de Rio Maior predominante da costa Oeste, mas “existem cada vez mais episódios de vento vindo de sul/sudeste”, e que são coincidentes com a produção de bagaço de azeitona.

Trata-se do resíduo do processamento de azeite (formado por restos de polpa e caroço esmagado de azeitona), que é produzido cada vez em maiores quantidades, à boleia do aumento da área de olival intensivo na zona do Alentejo, e em particular nos concelhos de Ferreira do Alentejo, Beja, Serpa, Moura, Avis, Vidigueira e Aljustrel.

Diz a investigadora que “Havendo cada vez mais olival, vamos ter cada vez mais azeitona para processar, e portanto, provavelmente o cheiro a azeitona em Lisboa poderá ser cada vez mais recorrente”.

Tal como nesta região de Santarém a Caldas da Rainha, passando por Rio Maior, e desde que os ventos “voltem a sul”.

Apesar do “odor incómodo”, este fenómeno não representa um risco para a população, garante a especialista em qualidade do ar, adiantando que “Não tem impacto direto na saúde“.

Afirmou ainda, que os níveis da qualidade do ar medidos nas estações espalhadas pelo país, em particular na região sul, não têm registado alterações decorrentes deste fenómeno.

A expetativa é que o regime de ventos mude e com isso desapareça o “odor a azeitona” que se tem feito sentir de quando em vez nos últimos meses.

 

[Imagem: Diário do Alentejo]

Veja Também:

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments