“Recentemente a população de Azinheira, aldeia do concelho de Rio Maior, tomou conhecimento da
expansão da exploração mineira de caulino e de quartzo (areias siliciosas) até muito próximo das suas
habitações.”
É assim que começa um Comunicado à Imprensa da recente constituída Associação de Defesa do Território de Azinheira, Chainça e Quintas (ADTACQ), que representa as populações destas povoações, no concelho de Rio Maior.
Neste Comunicado dão conta de que para além das explorações de areias que hoje já acontecem nas imediações das suas casas, estão mais concessões a caminho. Umas já autorizadas, outras ainda na fase de autorização.
Em concreto, referem a Direção-Geral de Geologia e Energia que concessionou as explorações, às empresas Sibelco e Sifucel, ambas a operar nas proximidades daquelas populações.
Limites das explorações muito próximos das habitações
Segundo a Associação, “os limites destas explorações mineiras a céu aberto, que envolvem escavações com 50 a 70 metros de profundidade (até à cota 46) e a criação de grandes lagoas, chegam a 80 metros da povoação de
Azinheira, a escassos 20 metros de algumas habitações do bairro da Chainça e a 600 metros da
povoação de Quintas, ficando muito próximo de alguns casais isolados.”
Referindo ainda, que “junto ao Bairro da Chainça encontra-se uma outra exploração de areia que confina com os muros de algumas moradias, dista cerca de 30 metros de uma creche e estende-se até cerca de 150 metros das
primeiras habitações de Azinheira.”
Desassossego e alarme com exploração prevista a 50 m das habitações
A população ficou ainda mais “desassossegada e alarmada” após ter tido conhecimento de um pedido de concessão a nascente e a norte da aldeia (denominada «Joquinho»), para extração de areia semelhante e com limites de exploração a cerca de 50 metros das habitações da aldeia de Azinheira.
A verificar-se o que é exposto e conforme as imagens enviadas pela Associação, a localidade de Azinheira ficaria quase que uma ilha no meio de um autêntico mar de água azul.
Exploração “desenfreada” com múltiplos e cumulativos impactes negativos
Em causa, e ainda de acordo com a nota recebida, “esta exploração mineira “desenfreada” tem múltiplos e cumulativos impactes negativos, inaceitáveis para as populações, que não foram consultadas, para além da alteração do uso do solo, nomeadamente a desvalorização do património rústico e urbano, a deterioração das edificações (como já acontece no bairro da Chainça), a degradação da paisagem, a redução dos recursos hídricos (seca de nascentes, poços e furos devido à drenagem das águas para o nível freático das lagoas), a poluição dos aquíferos, a redução da estabilidade dos solos próximo das habitações (não existem camadas rochosas que os sustentem), o ruído, a restrição ou corte de acessos às terras agrícolas e florestais, a destruição de ecossistemas importantes, como é o caso do montado de sobro que dá suporte a uma avifauna diversificada, como de outras espécies protegidas, etc..”
Devido a estes efeitos esperados “de grande magnitude, maioritariamente irreversíveis, ao nível da qualidade ambiental, paisagística e funcional”, a população reuniu a 17 de fevereiro e decidiu criar uma Associação de Defesa do Território de Azinheira, Chainça e Quintas com o objetivo de lutar pela preservação da sua qualidade de vida e do seu território.
O jornal Região de Rio Maior contactou a Direção-Geral de Energia e Geologia, visada como concedente destas explorações, aguardando a sua resposta, o que não aconteceu até ao fecho desta notícia.
Nas imagens são visíveis as áreas em exploração e com intenção de virem a ser exploradas e a posição dos aglomerados populacionais
[Imagens: ADTACQ]