Aumentos salariais, enquadramento das categorias profissionais, negociação do contrato coletivo de trabalho (CCT), são as principais reivindicações anunciadas no pré-aviso.
Decidiram partir para a greve num plenário no dia 26 de janeiro.
Inês Santos, trabalhadora da sala dos fatiados desta empresa, é delegada sindical do SINTAB (CGTP-IN) e dirigente da União de Sindicatos de Santarém, e diz-nos que aqui estão também muitos trabalhadores que não são sindicalizados.
Espera uma grande adesão pela forma como divulgaram e sensibilizaram os trabalhadores e avança: “este foi um bom dia para os trabalhadores virem para a rua, levantarem os braços e dizerem o que está mal na empresa e lutarem pelos seus direitos”.
Quanto aos “melhores salários”, diz que “o Grupo pratica salários mínimos, tem milhões de lucros (…) há trabalhadores que trabalham aqui há 40 anos e ganham o salário mínimo nacional”.
Segundo Inês Santos, estes são valores que não se praticam nas outras unidades do Grupo, fora do País, e sabem disso porque vão em representação dos trabalhadores ao Comité Europeu do Grupo.
Lá é dito que a fábrica em Portugal (Rio Maior) é a que mais lucros dá à empresa, com melhores números, mas é onde se praticam os ordenados mais baixos.
Já foram recebidos pela administração, há vários anos que renegoceiam os “cadernos reivindicativos” e os aumentos de salários é uma questão constante, e a mais gritante.
A administração responde que não podem subir salários e que não depende só deles.
Não sindicalizados e sindicatos unidos
Cristina Camilo, outra representante sindical, aqui do STIAC (CGTP-IN), há 22 anos que trabalha na Nobre e está lado-a-lado com o SINTAB.
Quer que direitos retirados sejam repostos, as atualizações salariais, o aumento de diuturnidades e atribuírem-nas a quem não as tem desde 2016.
Neste ano o CCT caducou e com ele alguns dos direitos que os trabalhadores tinham.
“Acabar com a precariedade nesta empresa, concederem 25 dias de férias a todos os trabalhadores”, são também palavras suas que dão corpo à sua presença ali.
À pergunta “a Nobre vai ouvi-los, tem essa esperança?”, responde “Nós temos sempre esperança”.
Espera que estas ações tornem a empresa mais conscientes e os trabalhadores sejam valorizados.
“Continuaremos até sermos valorizados devidamente”, conclui.
A partir das 10.00 horas esperavam uma maior concentração de trabalhadores e daí saem para Santarém, juntando-se a outros do distrito, vindos de outras empresas do setor, como a Sumol+Compal (Almeirim) numa ação maior.
A Nobre é hoje detida por conglomerado mexicano
A Nobre teve como últimos proprietários locais os seus fundadores (1962), Marcolino e Manuel Nobre, que venderam o negócio à então BP Foods, em 1992, passando por vários Grupos desde então e tendo sido adquirida pela Campofrio.
Por sua vez, a Campofrio integrou o Grupo Sigma Alimentos, em 2014.
Este conglomerado Mexicano detém 50 marcas, onde se inclui a Nobre, Campofrio e a Yoplait, tem 65 fábricas, produz 1,7 milhões de toneladas de alimentos por ano, está presente em 18 países e tem a sua sede em Monterrey (México).
[fotos: RRM; foto 4: Inês Santos (esq.) e Cristina Camilo (drt.)]