Tribunal de Rio Maior inaugurado há 64 anos

Assinalam-se hoje 64 anos desde a inauguração do edifício do Tribunal Judicial de Rio Maior, uma obra marcante do património arquitetónico e institucional da cidade e do elemento escultórico que está na sua frente.

De inspiração brasileira

Inaugurado a 28 de maio de 1961, pelo então Ministro da Justiça João de Matos Antunes Varela,  o edifício foi projetado pelo arquiteto Formosinho Sanchez, que havia passado por Brasília e contactado com Oscar Niemeyer, daí trazendo a inspiração do traço deste edifício.

Diferente do que demais se fazia por esse Portugal fora, “à última da hora” fora necessário investir mais cerca de 2 mil contos, à época, para lhe dar mais “alguma dignidade”, já que não tinha a frontaria de colunas romanas, como era hábito.

Estátua deu mais solenidade ao construído

Contratou-se o Mestre Lagoa Henriques, e da mão deste saiu o elemento escultórico que atribui “o cunho do respeito e solenidade” a um edifício considerado naquela altura de… diferente.

Este edifício marcou no entanto o início de um novo ciclo estético na arquitetura judicial e na administração pública, constando hoje em anuários e referências de história da arquitetura em Portugal, estando classificado como património arquitetónico de Arquitetura Paisagista de estilo modernista.

Quanto ao conjunto de estátuas, trata-se de um modelado vazado em bronze, composto por cinco figuras: a Culpa ou o Crime, dentro de uma gruta; a Consciência, dentro de uma concha; a Inteligência e a Vontade que encimam o conjunto escultórico; e uma quinta figura com a mão estendida em direção à Inteligência e Vontade, apelando à Justiça.

O Arquiteto quis que o edifício fosse mais humano

No que diz respeito ao Palácio da Justiça de Rio Maior, afirmou na época o seu autor, Arquiteto Formosinho Sanchez, que “[a expressão estética do Estado Novo era] despida de ambiente humano, de escala e de inserção urbanas. (…) estava aliada a expressões plásticas desgarradas dessa sociedade, saudosísticamente viciada de elementos de conjunto e pormenor em contraste violento e, em alguns casos, desmesurado relativamente a um vincado meio urbano, social e económico”.

O Tribunal de Rio Maior tem sido, ao longo destas mais de seis décadas, um pilar do Estado de Direito democrático na região, acolhendo diversas gerações de magistrados, advogados, oficiais de justiça e cidadãos em busca de justiça e equidade.

Nas sua alas laterais funcionaram  funcionaram várias Conservatórias e o Notário, estando hoje devolutas.

 

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