Aeroporto: Monte Real e falta de comboio matam

     

A Comissão Técnica Independente (CTI) que analisou as localizações do novo aeroporto esteve esta manhã em Santarém, no Salão Nobre da Casa do Campino, para responder a perguntas.

Os Municípios de Santarém, Torres Novas, Golegã e Alcanena organizaram uma sessão pública de apresentação das conclusões da CTI quanto à localização do novo aeroporto em Santarém, CTI que esteve depois aberta a responder a questões.

Lembre-se que o Relatório desta CTI ainda está em consulta pública até 26 de janeiro e que o novo aeroporto em Santarém apresenta, essencialmente, 2 problemas que o inviabilizam: a navegabilidade aérea sobre Santarém que está condicionada pelo corredor aéreo NATO da Base Aérea de Monte Real, e o facto da Linha de Alta Velocidade (LAV) não passar a Santarém, mas infletir antes de Lisboa para Leiria, por Rio Maior.

Logo na sua intervenção inicial, Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém, reiterou “não perceber como se comparam infraestruturas existentes com infraestruturas potenciais” e também “não percebe como é que a linha de alta velocidade não se aproxima, ao menos, de Fátima que tem 5 milhões de peregrinos por ano”.

Ainda nas suas palavras “Santarém [a localização do aeroporto ali] responde às necessidades do País e é viável”.

Carlos Mineiro Alves, ex-Bastonário da Ordem dos Engenheiros e Presidente da Comissão de Acompanhamento da Avaliação Ambiental Estratégica do Novo Aeroporto, preocupou-se em “afastar as suspeitas” sobre os membros da CTI porque “as pessoas tem ética e sabem estar na vida”.

E reforçou ainda, que pese embora todas as conclusões que se possam tirar da análise feita pela CTI “a decisão final é sempre política, à CTI não lhe foi pedido que apontasse aqui ou ali”.

Concluiu pedindo que “não se mande todo este trabalho todo para o lixo”, reafirmando que todas as opções possíveis foram agora estudadas, portanto, só falta decidir.

       

Ricardo Gonçalves e Carlos Mineiro Aires

4 perguntas-base que foram respondidas

Na intervenção da presidente da CTI, Rosário Partidário, esta começou por referir as 4 questões que serviram de base a todo o trabalho:

Onde poderá estar o principal aeroporto do País com um hub intercontinental?

Como se articula a rede de acessibilidade?

Quais os riscos ambientais e estruturais (sismos, inundações, tecnologia, risco industrial, …)?

E que modelo queremos (um hub internacional, 1 ou 2 aeroportos, …)?

Posto isto, apontou que um modelo dual (com Lisboa +1) em funcionamento a solução a curto-médio prazo seria boa, mas para um hub intercontinental, só uma solução a longo prazo serve e essa é a de um único aeroporto.

Não terminou a sua primeira intervenção sem afirmar que “ou Santarém convence a NATO e o País que Monte Real não é prioritário, ou nada feito”.

Referia-se aqui  ao corredor aéreo militar da Base de Monte Real que condiciona o tráfego aéreo sobre Santarém a menos aviões que aqueles que Lisboa tem hoje. Daí uma impossibilidade de apostar num novo aeroporto intercontinental naquela geografia.

“Já como aeroporto regional, aí está à vontade!”, rematou. Mas não é o que se pretende.

     

14 inscritos com várias dúvidas

Pedro Machado, que agora presidente à Agência Regional de Promoção Externa do Centro de Portugal, foi o discurso mais aplaudido ao afirmar que “o compromisso da CTI não é com o Governo, é com o país”, querendo introduzir o tema da coesão nacional e da oportunidade de se resolver um problema nacional com sete décadas.

Mas houve também muitas dúvidas sobre alguns dos critérios de análise seguidos pela CTI, quer quanto acessibilidades, quer quanto à ponderação das infraestruturas presentes e futuras, o desenvolvimento económico da região e os 2 “pomos” da questão: o comboio e o espaço aéreo.

Já a terminar, e perante a afirmação “preto no branco” do Relatório da NAV que afirma as condicionantes de Monte Real a Santarém realçado por Rosário Macário, com esta responsabilidade na CTI, Carlos Brazão (que representa o consórcio Magellan 500 – Aeroporto de Santarém) quis falar e evidenciou que o Relatório da NAV abre campo a adaptações ao projeto e é isso que a sua equipa está a fazer no momento.

Carlos Brazão

Monte Real tem de deixar e o comboio rápido tem de se aproximar

Em conclusão, a opção de Santarém, como aeroporto único e intercontinental (a receber e expedir voos para outros continentes) será viável se a Força Aérea Portuguesa e a NATO aceitarem alterações ao “seu espaço aéreo atual” e se as pistas do aeroporto forem adaptadas a isso, o que neste último caso parece já estar em marcha.

Já agora, dava jeito que o comboio de alta velocidade se aproximasse do aeroporto (Santarém).

 

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