Santarém até poderia ter “hipótese” mas era preciso “mexer” com a Base Aérea de Monte Real ou mudar a orientação da pista de aterragem em Santarém, pelo menos.
Apresentados os resultados dos estudos da Comissão Técnica Independente (CTI) acerca do novo aeroporto da região de Lisboa, a opção Santarém foi das que não ficaram “bem vistas”.
Olhando aos estudos apresentados e às conclusões dos “Comentadores”, Alcochete e Vendas Novas serão as que melhores condições terão, e por esta ordem.
Carlos Brazão, representante do consórcio Magellan 500, que se propõe construir o aeroporto em Santarém, não quis tecer considerações naquele dia 5 de dezembro, no Auditório da LNEC, em Lisboa.
Mas, no dia seguinte veio afirmar que os estudos da CTI seguiam uma lógica de “Alice no País das Maravilhas”.
Isto, porque foram realizados com base “no que poderá vir a ser” e não com base nas infraestruturas existentes, como este consórcio de Santarém fez.
Alta velocidade ferroviária e tráfego aéreo são problemas
Dos problemas levantados pela CTI em relação a Santarém, a não existência de ferrovia de alta velocidade que passe nesta cidade (ou no aeroporto) e problemas de congestionamento de tráfego aéreo sobre a região, terão sido os que mais pesaram nos “maus resultados”.
Lembre-se, que a linha de comboio de alta velocidade, está prevista sair de Lisboa em direção a Leiria, passando por Aveiras de Cima (Azambuja), Rio Maior e Benedita (Alcobaça) para fugir aos constrangimentos dos corredores ferroviários de Santarém, onde já hoje há sérios problemas.
Quanto ao espaço aéreo, o tráfego da Base Aérea nº 5, de Monte Real, no que corresponde à servidão do seu corredor militar, impede uma operação intercontinental em Santarém.
NAV afasta responsabilidade e está disponível para voltar a estudar
A NAV Portugal, que é a entidade gestora do espaço aéreo, afasta responsabilidade nas decisões da CTI, dizendo que fez apenas um relatório técnico e que não classificou nenhuma opção como “inviável”, e vem agora pôr água fria na fervura.
No estudo que fez, apenas considerou que Santarém implica uma “grande cedência de espaço aéreo da [base militar] de Monte Real” para a operação em hub.
Mas, admite, poderá voltar a avaliar a opção Santarém como possível localização para o novo aeroporto de Lisboa se houver uma mudança do projeto inicial, nomeadamente em relação à orientação da pista.
Na sessão de apresentação dos resultados dos estudos, Rosário Partidário, presidente da CTI, realçou que não havia nenhuma solução que não implicasse custos, impactos e escolhas, pelo que resta saber agora se há vontade de analisar melhor quer a linha de alta velocidade, quer o tráfego aéreo sobre a região de Santarém.
E se o projeto de Santarém pode ser alterado para “melhorar a sua classificação”, nomeadamente, mudar a orientação da pista de aterragem.
[Imagens: RRM, TAP]