Carlos Brazão, do projeto Magellan 500, em nome dos promotores do aeroporto de Santarém disse hoje à comunicação social que a Comissão Técnica Independente (CTI) não seguiu as recomendações da União Europeia sobre áreas de influência de um aeroporto.
Aproveitou para reiterar que a análise favoreceu Alcochete e Vendas Novas.
Projeto de Santarém estar a ser afinado para poder ser solução
Esta equipa de trabalho de Santarém está já a “afinar” a navegação aérea para que o projeto seja solução para o próximo governo.
Em conferência de imprensa, em Lisboa, para apresentar o teor da pronúncia relativa ao relatório preliminar da Comissão Técnica Independente sobre as Opções Estratégicas Aeroportuárias para a Região de Lisboa, Carlos Brazão disse que a CTI fez uma análise “não conforme com as recomendações da Comissão Europeia para a União Europeia”, no que diz respeito às áreas de influência de um aeroporto.
Esta pronúncia do consórcio que representa será entregue amanhã.
CTI com postura “muito grave”
Ainda para este representante, esta postura da CTI “é muito grave”, referindo que aquela análise teve implicações transversais a toda a análise estratégica, desde a população servida pelas diferentes soluções em estudo, o impacto económico, ou o financiamento.
Afirmando recusar-se a fazer exercícios sobre qual terá sido a motivação para toda a análise parecer apontar para Alcochete e, mais recentemente, para Vendas Novas, deu “o exemplo mais gritante” e que é a definição das zonas de influência.
Os promotores do aeroporto de Santarém destacaram que na análise ao risco de incêndio, a CTI usou um raio de 25 quilómetros (km) para concluir que aquela localização apresentava riscos neste critério, porém, no caso de Alcochete, considerou apenas o perímetro do aeroporto para contabilizar os sobreiros existem naquela área, lembrando que se trata de uma espécie protegida.
Foi ainda apontado o favorecimento de Alcochete e Vendas Novas no que diz respeito às infraestruturas de acesso, pela sua desorçamentação, assumindo as que estão projetadas como já existentes e, por isso, omitidas dos cálculos dos custos.
Carlos Brazão aquando da apresentação do Relatório da CTI, no LNEC, a 5 de dezembro
Relatório da NAV foi mal interpretado
Já nas questões de navegação aérea, apontadas pela CTI para justificar a classificação de Santarém como um projeto inviável, porque “colidem” com o corredor aéreo da Base Aérea de Monte Real (uma Base NATO), considerou que a CTI fez uma “interpretação abusiva” do relatório da NAV, que aponta para este problema.
Os promotores estão convictos de que é uma questão solucionável e que apenas se levantaria numa fase de expansão do aeroporto e que vão “afinar a solução de navegação aérea” para ter em conta esta mesma solução.
Qualquer aeroporto precisa de “ventos favoráveis das entidades públicas”
Quanto à hipótese de avançarem na mesma com o projeto, ainda que a uma escala regional, caso o Governo avance com outra localização, Carlos Brazão afirmou que “a construção de um aeroporto não é uma coisa que se possa fazer sem os ventos favoráveis das entidades públicas”.
Para já, vão entregar a sua pronúncia nesta fase de Consulta Pública, aguardar que seja considerada, ao contrário do que aconteceu antes, e vão esperar que o “projeto esteja qualificado de acordo com os seus reais benefícios e potencial”.
Esperam do próximo Governo “um diálogo construtivo” para que “Santarém seja solução no futuro”.
A CTI responsável pela avaliação estratégica ambiental para o aumento da capacidade aeroportuária da região de Lisboa apresentou, em 5 de dezembro, em Lisboa, o relatório preliminar, que servirá de base para a decisão do Governo sobre o novo aeroporto, e esteve em Santarém no dia 18 de janeiro para apresentar as suas conclusões aos escalabitanos (https://regiaoriomaior.pt/aeroporto-monte-real-e-falta-de-comboio-matam/).
Rosário Partidário, presidente da CTI e Carlos Mineiro Aires, presidente da Comissão de Acompanhamento
Para já, Alcochete e depois Vendas Novas são as melhores opções
A CTI, entre outras questões com menos peso, como a falta de comboio de alta velocidade, apontou este problema de navegabilidade aérea sobre Santarém como um dos obstáculos a esta solução.
Alcochete é a que apresenta mais vantagem, com uma primeira fase em modelo dual com o Aeroporto Humberto Delgado, passando depois para uma infraestrutura única na margem sul do rio Tejo.
Vendas Novas, nos mesmos moldes, isto é, primeiro em modelo dual, passando depois para aeroporto único, vem logo a seguir.
No entanto, se a ANA/VINCI, concessionárias dos aeroportos de Portugal, e com direitos adquiridos num raio de 75 km em relação a estes, onde caem as melhores soluções apontadas, for intransigente nas negociações com o Estado, Santarém passará a ser a melhor opção, de imediato.
O relatório preliminar encontra-se em consulta pública até amanhã.
[Imagens: TAP, RRM, Magellan 500]