Ambientalistas juntaram-se para denunciar tomate no rio Maior

     

Ambientalistas juntaram-se e denunciam descargas no rio Maior associadas à campanha do tomate.

Movimentos ecologistas denunciaram hoje “novas ocorrências de poluição do rio Maior coincidentes com o início da campanha do tomate”, pedindo a intervenção da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e da Inspeção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAOT).

Em comunicado divulgado à imprensa, o proTEJO – Movimento pelo Tejo, o Movimento Cívico Ar Puro (Rio Maior), o EcoCartaxo – Movimento Alternativo e Ecologista (Cartaxo) e o Movimento Ecologista do Vale de Santarém (Santarém) afirmam que a poluição do rio Maior, afluente do rio Tejo, ocorre, desde 1965, no início da campanha do tomate, afetando em particular S. João da Ribeira, no concelho de Rio Maior, onde se situa uma unidade de transformação de tomate.

Note-se que 1965 é o ano de inauguração desta fábrica em São João da Ribeira (Rio Maior).

 

Descargas desde o início da Campanha

Os movimentos afirmam que, “desde que se iniciou a campanha do tomate, se verificam descargas de águas residuais para o leito do rio Maior, eventualmente sem o tratamento adequado, conforme se depreende do cheiro nauseabundo e da cor vermelha e pastosa”.

O comunicado está acompanhado de imagens obtidas nos passados dias 8 e 14 de agosto, na zona de S. João da Ribeira, mostrando o curso de água avermelhado.

Alegam ainda que o rio Maior quase não tem caudal neste período de seca extrema e estas descargas têm um severo impacto na qualidade da água que corre pelo seu leito.

“As licenças de descarga de águas residuais emitidas pela APA, através da Administração da Região Hidrográfica do Tejo e Oeste (ARHTO) deveriam impor limitações para que as descargas de efluentes apenas pudessem ser efetuadas após um adequado tratamento que evite uma maior degradação da qualidade das massas de água do rio Maior”, afirmam.

 

Movimentos pedem medidas

Estes movimentos que subscrevem o comunicado pedem à APA e à Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (IGAMAOT) que avancem com as ações necessárias para impedir estas descargas de poluição e responsabilizar os agentes poluidores.

Por outro lado, querem que a APA implemente medidas que permitam que as massas de água do rio alcancem um bom estado ecológico, sendo integradas no Programa de Medidas do 3.º Plano de Gestão de Região Hidrográfica para 2022/2027, em cumprimento das diretivas europeias.

Requerem, também, que seja reativada a Comissão de Acompanhamento sobre a Poluição do rio Tejo, desativada em 2018, para delinear um plano de melhoria da qualidade da água dos afluentes do Tejo, num trabalho conjunto entre a APA, a IGAMAOT, os municípios afetados, as organizações não governamentais de ambiente, as organizações representativas da atividade piscatória e as instituições de investigação científica.

 

Controlo e Fiscalização anteriores não são confiáveis

Segundo os ecologistas, os controlos analíticos e as fiscalizações que, em anos anteriores, concluíram pela inexistência de desconformidades com os requisitos estipulados por licença “não são confiáveis, nem merecedores de credibilidade”, perante “a realidade objetiva facilmente observável e recorrente por esta altura do ano”.

Além da poluição do rio, os movimentos apontam “os graves danos ecológicos e sociais associados à laboração contínua” da indústria de transformação de tomate, que “espalha gases e produz um forte ruído, provocando distúrbios do sono e graves transtornos de saúde aos residentes”.

A APA já foi questionada pela Agência LUSA sobre o conhecimento e eventuais diligências relativas a descargas poluentes em S. João da Ribeira, associadas ao início da campanha do tomate, mas ainda não obteve resposta.

 

[Imagens: RTP Arquivo, ArPuro]

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