Cidadãos contra abate de árvores na EN 114

     

Um grupo de cidadãos vai avançar com uma ação popular para travar o corte árvores na Estrada Nacional 114 (EN 114), entre Rio Maior e Caldas da Rainha.

As Infraestruturas de Portugal (IP) têm vindo a cortar árvores nas bermas da EN 114, com a justificação da melhoria da segurança na via.

A ação popular será apresentada no Tribunal de Rio Maior com a esperança de que o Ministério Público interponha uma providência cautelar para impedir o abate das árvores.

 

São mais 170 árvores a abater, depois de 470

São 170 as árvores marcadas para corte na EN 114, entre Rio Maior, no distrito de Santarém, e Caldas da Rainha, no distrito de Leiria.

Desde fevereiro que a IP “se dedicou ao corte de árvores” nas estradas do Distrito de Santarém para, segundo aquela empresa, melhorar a circulação.

Num troço de 15 quilómetros, já foram cortadas cerca de 470 árvores entre carvalhos, sobreiros, cedros, aciprestes, freixos.

Mas, para a IP, a maioria das árvores são espécies invasoras, como acácias e aliantos, e está munida do respetivo parecer técnico para poder levar a cabo esta ação.

Há cerca de 15 dias que começaram a aparecer mais árvores marcadas na mesma estrada, mas entre Rio Maior e Caldas da Rainha, com “bolas laranja” e “cruzes azuis”, o que antevê mais uma operação de corte, e este grupo de cidadãos resolveu intervir.

Uma das árvores marcadas tem mais de 100 anos, e entre as outras estão carvalhos com um diâmetro de três metros, 20% corresponde a sobreiros e há ainda freixos, adernos e espinheiras de grande porte.

O grupo já efetuou queixas junto do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) do SEPNA (Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente) e denunciou numa carta aberta o que considera ser “um crime ambiental”.

 

A IP diz ser necessário e importante porque árvores trazem vários problemas

A IP sustenta que o abate e controle destas espécies é necessário e importante.

As árvores obstroem equipamentos de sinalização e segurança e invadem bermas e sistemas de drenagem, tal como terrenos agrícolas confinantes com a via, sendo ainda “fatores de perda de biodiversidade”.

A IP diz ainda que a queda de ramos, que causam obstrução dos equipamentos de drenagem, invadem o corredor de circulação e as bermas, e provocam degradação do pavimento devido ao crescimento das raízes.

Nem todas as situações aqui elencadas são percetíveis para quem circula na via, pelo que se mostra muitas vezes necessário proceder ao abate de árvores “aparentemente saudáveis”.

A madeira que resulta da poda ou abate é encaminhada para destino final adequado de acordo com o previsto na legislação de resíduos, conclui a IP.

 

“Não se plantam árvores com 100 anos”

Como compensação destes cortes, IP garante que vai plantar árvores em vários concelhos do distrito de Santarém.

Por seu lado, o grupo de cidadãos contesta dizendo que “a IP planta, mas não planta árvores com 100 anos”, afirmando que está em curso um ”arboricídio” ao longo da EN 114.

     

 

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