
Em Dia Mundial da Poesia, hoje 21 de março, e porque “o Poeta é um fingidor”, como escreveu Fernando Pessoa, deixamos aqui o Poema “Sonhos Irrealidades Fingimentos, de José Penalva:
SONHOS IRREALIDADES
FINGIMENTOS
Meu Deus, fiel aos olhos meus
quero ver a Ti-Jaquina princesa heroína
hoje de lindos cabelos prateados
montada no seu jumento
fugir de mim como o vento
mesmo em dia dos namorados
sob vozes de rajadas de ventania
dar-me- ia tanta alegria.
-º-
Meu Deus, fiel aos olhos meus
quero ver a Ti-Jaquina princesa heroína
se sofro, morro, ser sina minha
que carrego no coração
tempos que já lá vão mesmo ao relento
podia ser minha namorada
quantas noites e, madrugada
fugir de mim como o vento
-º-
Meu Deus, fiel aos olhos meus
quero ver a Ti-Jaquina
montada no seu burrito
teria saltado agudo grito
como uma alegre avezinha
aproximar-me do Monte
abeirado à velha fonte atrevido pensamento
fugir de mim como o vento
-º-
A sorte seria a morte?
jamais chegaria a idade avançada
pensar que a vida é sagrada.
A dor e o amor foram dor na encruzilhada
sonhos e fingimento
tudo fugia de mim como o vento
se tal vida peregrina?
meu Deus fiel aos olhos meus
quero ver a Ti-Jaquina
-º-
O burrito que criei, bem o alimentei
pertença da mulher que amei
seria ao tempo um menino
ouvia as badaladas do sino
na quadra da Quaresma
a saga seria a mesma…
manter tal pensamento
tudo fugir de mim como o vento.
josé penalva.
