EDITORIAL

EDITORIAL

  • Oficialmente, foram cerca de 600 mil os portugueses que regressaram a Portugal, após a revolução de 1974, na sequência do processo de descolonização. Mas estima-se que foram muitos mais, talvez 1 milhão.

Cá chegaram, cá se integraram e passaram a fazer parte do retângulo.

  • A Expo 98, durou 4 meses e teve 10 023 759 de visitantes, numa média diária de 76 mil, e na última noite estiveram no recinto 386 308 pessoas, das quais 215 198 (55%) entraram depois das 20h.
  • De 12 de junho a 4 de julho de 2004, Portugal recebeu mais de 1 milhão de turistas que vieram ver a bola, no Euro 2004.
  • Acabamos de vivenciar a Jornada Mundial da Juventude que, contas redondas, nos trouxe em 6 dias os 0,1% do universo estimado de católicos apostólicos romanos no Mundo, 1 milhão e meio de peregrinos.

É tudo imenso e intenso.

O esforço de organização, a proporção dos custos, os medos, os sucessos, a imensidão e intensidade, para o propósito que aqui trazemos, acabam por ser idênticos para todos estes eventos, na leitura do momento em que acontecem.

São meros exemplos da capacidade de empreendimento, destemida, de um Povo que, quando quer, ou quando acha que talvez seja o tal momento, faz.

O Bispo Américo Aguiar afirmou um destes dias que ninguém arriscaria mais a fazer uma Jornada em Portugal neste século. O risco era demasiado elevado.

Com o devido respeito, “ele sabe lá!”. E a Jornada que agora acaba? Com mais de 1 milhão de pessoas em Lisboa? Era de prever depois de uma Expo 98 ou do Europeu…?!

Não sabemos. E isso é bom. Muito bom.

Porque se há coisa que vamos provando (sobretudo a nós próprios) é que quando é preciso, faz-se. Parece gigante mas, passo a passo, chegamos lá. E nem damos por ela.

E, em termos de gastos que “o País não pode pagar” temos vindo a otimizar o orçamento e por mais caro que pareçam os 160 milhões de euros que terá custado esta Jornada, em nada se comparam com os gastos na infraestrutura de uma Expo ou de um Europeu, muitos sem destino…. e sem retorno.

Somos capazes de organizar: atrair, planear, programar, desenvolver, executar.

E lucrar? Que é como quem diz, gozar agora da projeção que se alcançou e das oportunidades que se abriram? No turismo, nas empresas, nas instituições, nas pessoas…?

Parece sem-sentido, mas talvez seja maior este passo que todos os outros anteriores.

Era bom que um Povo não perdesse isso de vista e fizesse esta onda render o mais possível, até ganhar pé próprio em tantas outras frentes.

 

A Maestrina

Os Xutos&Pontapés, no tema “Voar”, pela voz do Tim, dizem às tantas: “Eu queria ser astronauta, o meu país não deixou (…)”.

A pouco e pouco estamos a pôr fim a este paradigma. Joana Carneiro “inovou” quando quis ser Maestrina. Uma mulher, ida de Portugal, Maestrina…?!

Mas fê-lo. E o dia em que, de calças de ganga e t-shirt branca, dirigiu 210 cantores e 100 músicos de todas as Dioceses de Portugal (Ilhas incluídas), profissionais, num palco magnífico, perante uma assistência de 1 milhão e 500 mil pessoas, ali, e não sabemos bem quantas centenas de milhões pelo mundo fora, em direto, através da Vatican Media e outras televisões… foi Portugal que lhe deu.

O palco, os músicos profissionais, a oportunidade, a Joana Carneiro… num só espaço e momento… foi Portugal que proporcionou.

Não esquecendo o arrojo do Coro de 6 profissionais que interpretou em linguagem gestual portuguesa para uma vasta audiência de surdos-mudos, que assim foram integrados?! Sérgio Peixoto foi o Maestro e Sofia Figueiredo a intérprete principal.

Foi em Portugal que aconteceu. E nesta Maestrina personalizamos uma/um Jovem português/a, capaz.

Magnífico! Quando queremos, somos capazes.

 

O Papa Francisco

O termo comum nas Jornadas da Juventude “Levanta-te!”, foi mais uma vez repetido pelo Papa para todos os que o ouviram.

Sair da zona de conforto, dar um passo, tomar uma iniciativa, são sinónimos.

Fica para a história a única forma lícita de olhar o semelhante de cima para baixo, para o ajudar a levantar, e continua o apelo para que não haja medo. Isto, numa Igreja que é de “todos, todos, todos”.

A condensação da mensagem que foi dada, também a nós, resulta numa envolvência de todos, sem preconceitos ou receios

Lembramos as palavras de uma entrevistada neste Jornal e a propósito da Jornada, onde dizia que “se cada um fizer a sua parte temos tudo para mudar o Mundo. Muitas pequenas ações fazem o todo. Cada um tem de estar disposto a fazer a sua parte”.

Uma “lógica celular”, do pequeno para o grande, de baixo para cima. Do lugar, do Bairro, da Freguesia… ao País. Porque no nosso “pequeno Mundo” podemos muito, e lá fora podemos tanto, unidos.

A História está a nosso favor. O que fica desta Jornada, afinal, talvez seja o desafio de uma certa mudança de mentalidade que nos permita sempre avançar sem medos: levantemo-nos!

 

[créditos imagem: Carlos Nestal]

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