Portugal tem vinho a mais, continua a otimizar a sua produção e isso obriga a que se tenha de destilar vinho para baixar os stocks.
Começam as vindimas, mas as Adegas estão cheias
As Adegas ainda estão cheias e já é altura de começarem a receber a nova uva.
Mesmo em vésperas de vindimas, as Adegas em Portugal, e na Europa, ainda estão cheias de vinho para escoar.
O setor diz que a situação é muito preocupante, o que já levou a Comissão Europeia a enviar apoios para que vários países europeus consigam escoar o vinho excedente.
Portugal receberá 20 milhões de euros para aplicar a medida e apoiar os produtores na diferença de preços.
0,60 € por litro, em média, é o preço a que os produtores vendem para destilação, contra o preço médio de 2,83€ por litro para consumo nos mercados, interno e externo.
E quando este ano se estima um aumento de produção de 8%, quando o ano passado houve uma diminuição deste mesmos 8%, mas onde Portugal já estava a produzir mais 2% que as médias anteriores.
Destilação “forçada” de vinho
Portugal candidatou 57 milhões de litros de vinho por escoar para serem destilados, naquilo a que se chama “destilação de crise”, mas estima-se que existam cerca de 128 milhões de litros armazenados.
Sempre que há vinho a mais e isso pressiona os preços no mercado, a União Europeia apoia os estados-membros a destilarem vinho e produzirem álcool para ser usado na indústria.
Quem não se lembra do álcool-gel usado durante a pandemia e com origem no vinho?
Hoje ele é mais usado na indústria farmacêutica em geral e também na alimentar.
Bebe-se menos vinho, mas não de todo
Este ano as vindimas estão a começar mais cedo devido ao excesso de calor antecipado, o que embate, no entanto, num menor consumo de vinho.
Durante a pandemia houve menor consumo, desde logo com todo o canal de Horeca (hotéis, restaurantes e cafés) fechado, mas houve também alteração nos hábitos de consumo.
Hoje consome-se muito mais vinho branco e muito menos vinho tinto e rosé, mas produzem-se mais de todos os tipos.
Aliás, toda esta pressão no setor faz-se sentir nos vinhos tintos e rosés, já que nos brancos e verdes não existem problemas.
Por isso, desde 2020 que já tivemos 3 “destilações de crise” devido a excesso de vinho armazenado, que é produzido e não é vendido.
Alentejo e Douro mais problemáticas
As regiões do Alentejo e do Douro são as principais afetadas, com o Douro a falar mesmo num problema estrutural com crises sucessivas.
Há cerca de 20 anos que o vinho do Porto tem vindo a diminuir consumo e exportações o que leva estes produtores a investirem em novos tipos de vinho e a penetrarem em novos segmentos de mercado, pressionando ainda mais os outros produtores.
O Alentejo tem cerca de 50 milhões de litros armazenados, mas só candidata 13,5 milhões para destilação, ficando o restante para venda e armazenamento.
Este armazenamento corresponde “à guarda” de vinho para maturação e venda posterior.
Hoje em dia, e também como medida de regulação do preço no mercado, cada vez mais as Adegas “guardam” vinho para venda posterior, vinho mais amadurecido, e até os vinhos verdes já utilizam esta técnica.
A diminuição da exportação também é problema
A Rússia não está a importar, alguns países diminuíram as suas importações e a Ásia e a China, por exemplo, estão a comprar menos vinho.
Ainda assim as exportações de Portugal cresceram 3,2% no último semestre, com o vinho do Porto a sofrer as maiores quebras.
[imagem: Portugal By Wine]