Irlanda quer vinho como o tabaco

       

A Irlanda fez uma proposta autónoma na União Europeia (UE), para que os rótulos das bebidas alcoólicas incluam alertas para o risco de doença hepática e informem sobre os perigos do consumo de álcool em grávidas.

Vai alterar os rótulos do vinho, da cerveja e de outras bebidas alcoólicas de modo a exibir alertas específicos relacionados com os riscos associados ao consumo de álcool.

Seguem o exemplo hoje presente nas embalagens de tabaco.

Com as novas regras, os produtos em causa terão de cumprir os seguintes requisitos:

exibir uma mensagem a avisar que consumir álcool provoca doença de fígado e que existe uma associação direta entre álcool e cancro fatal;

mostrar um símbolo, sob a forma de pictograma, avisando para os perigos do consumo de álcool em grávidas;

ter um link para uma página onde isto é explicado e são exibidas imagens chocantes das doenças.

A indústria visada terá um período de três anos para adotar a nova rotulagem nos seus produtos.

Oito Estados-membros contestaram a medida, entre os quais Itália, Espanha e Portugal.

Além de protestos por parte das associações setoriais dos países europeus, houve ainda lugar à oposição por parte do setor das bebidas alcoólicas externo à UE.

Em Portugal, Governo e associações do setor estão contra

Em Portugal, o Ministério da Agricultura e Alimentação já emitiu o seu parecer setorial desfavorável às intenções irlandesas.

Já o Ministério da Economia e Mar, considera que a proposta irlandesa constitui “uma barreira à livre circulação de produtos no mercado interno europeu”.

A Associação de Vinhos e Espirituosas de Portugal (ACIBEV) considera que o projeto de diploma tem “uma série de falhas graves” estando alinhada com a posição assumida pelo Ministério de Economia e Mar.

Para a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), “se a Europa ceder à Irlanda, perdemos toda a cadeia vitivinícola”, alerta Luís Mira, secretário-geral da CAP.

Mas médicos e OMS estão de acordo

Do lado oposto, instituições académicas e da saúde aplaudiram, em larga medida, a proposta avançada.

De acordo com a especialista em psiquiatria Maria Moreno “a maioria dos estudos parece indicar que esta medida tem um impacto positivo na mudança de atitudes” e nos “comportamentos relacionados ao consumo de álcool”.

Também a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece e destaca a importância dos rótulos de alerta nas embalagens de álcool.

Esta sua posição insere-se numa estratégia global voltada para o fornecimento de informação ao consumidor sobre os riscos do consumo de álcool.

[Imagem: the wine company]

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