Rio Maior: professores continuam na rua

Rio Maior: Professores continuam na rua

     

Fernando Casimiro na rua

8.15 da manhã e no exterior da Escola Fernando Casimiro Pereira da Silva (EFCPS), em Rio Maior, dezenas de professores alinham-se junto à vedação segurando cartazes de protesto, diante do olhar curioso de pais e alunos que vão circulando no passeio com a dúvida sobre se terão aulas ou não.

No meio destes professores, Tito Gomes, delegado sindical do Sindicato Independente dos Professores e Educadores (SIPE) põe a tónica em “valorizar quem está, atrair quem vem”.

Segundo ele “(…) são precisos professores novos e ninguém quer vir para isto (…)”, evidenciando que é necessário alterar os diplomas do concurso, que permite o acesso dos professores à carreira, desbloquear os travões nos escalões de progressão, recuperar o tempo que lhes foi cortado há anos atrás, reduzir as horas de trabalho de forma igual em todos os escalões de ensino, o que hoje não acontece, não esquecendo o facto de uma desvalorização social do professor: “(…) se um professor for fisicamente agredido, hoje isso já não é crime (…)”.

Quanto ao receio manifestado pelos professores, nos últimos tempos, da “municipalização dos professores” – serem as Câmaras Municipais a colocar os professores nas Escolas, Tito Gomes afirma que tal seria completamente impossível, tal como a colocação dos professores pelo perfil de competência.

Quer o Primeiro-Ministro, António Costa, quer o Ministro da Educação, João Costa, já vieram afastar esta hipótese, mas “(…) não há nada apresentado e escrito (…) quero ver o que vem escrito no diploma”, conclui.

Já Ana Filomena Figueiredo, uma das professoras em protesto, diz que a razão de estar ali vai muito para além da municipalização seja dos professores ou do ensino. Repete os temas por que todos lutam mas acrescenta: “(…) acima de tudo, que nos deixem ensinar e não nos carreguem com burocracia (…)”.

Quanto ao problema do grande número de professores que se irão aposentar em breve, diz: “(…) não há vontade dos alunos serem professores porque se apercebem das dificuldades que temos (…)”.

     

Secundária: “Costa, escuta, a Escola está em luta”

Aqui, na Escola Secundária Augusto César da Silva Ferreira (ESACSF), um enorme cordão humano em círculo, de mãos dadas, anima os professores que se dirigem a Costa, não se sabe se ao António, o Primeiro-Ministro, se ao João, o Ministro da Educação, servindo em todo o caso a qualquer um deles.

Depois de já na semana passada ali terem estado frente à Escola, com a solidariedade dos alunos, hoje contam também com o pessoal não docente, que se juntou à roda.

Sem sindicatos e numa organização espontânea e própria, de novo, apanhámos Fernando Marques, professor e vice-diretor daquela Escola que nos disse que o que está em causa não é de agora, é uma luta de anos, sobretudo as questões ligadas à carreira e a injustiça que está associada à medida de estrangulamento na progressão nos 5º e 7º escalões (a carreira tem 10) e para onde a tutela – o Ministério tem de olhar e dar atenção.

À pergunta, já feita na passada semana, do que teria de mudar já para serenar os professores, responde: “(…) o regime da contratação dos professores, já, mas a progressão na carreira é uma luta de anos (…)”. Como se irá processar o Concurso na contratação de professores é o que mais preocupa, de imediato.

Ainda a outra pergunta sobre o que irá acontecer nos próximos tempos, quando um grande número de professores se irá aposentar nos próximos 5 anos, responde: “(…) eu não sei, e acho que eles [o Ministério] também não (…)”.

Nas Marinhas do Sal: “professores a lutar, também estão a ensinar”

Na Escola Marinhas do Sal (EMS) as aulas e as atividades decorreram normalmente. Hoje não se manifestou, tendo-o já feito no passado dia 4 de janeiro.

Nessa altura, também num movimento espontâneo, os professores estiveram em greve e a propósito do que já tinham iniciado no ano passado: “(…) são reivindicadas alterações ao nível da avaliação docentes, com a extinção de vagas, a recuperação integral do tempo de serviço anteriormente congelado, o regime de mobilidade por doença, reposição da perda salarial (…)”.

Ali, os professores prometem continuar a sua luta, e afirmam que “professores a lutar também estão a ensinar”.

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