O historiador de arte Vítor Serrão defendeu, a 13 de setembro, a candidatura do Santuário de Fátima a Património da Humanidade da UNESCO.
A qualidade do conjunto monumental e artístico ali existente justifica por si uma classificação deste género.
O historiador apresentou o livro “Fátima e a criação artística: o Santuário e a Iconografia”, da autoria de Marco Daniel Duarte, e considerou o Santuário de Fátima “uma obra de arte digna de ganhar lugar de destaque no património da humanidade”, sugerindo a proposta à UNESCO.
Ainda segundo Vítor Serrão, o santuário recebeu “vários contributos da melhor mão-de-obra artística do País e também de alguns artistas estrangeiros”.
“O melhor da história da arte em Portugal, o melhor da mão-de-obra artística em Portugal, trabalhou para Fátima. Artistas crentes e não crentes”, sublinhou.
O professor catedrático emérito da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa disse ainda encontrar em Fátima “uma inesperada unidade”.
“Para mim, foi uma completa novidade: descobri que aquilo que eu achava que era uma manta de retalhos, de objetos de maior ou menor qualidade, que me apaixonavam mais ou menos, ganham em conjunto uma unidade que é indesmentível”.
A revelação surgiu através da tese que deu origem ao livro lançado, com base no doutoramento de Marco Daniel Duarte, que é também o atual diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima e responsável pelo Museu do Santuário.
Nas palavras de Vítor Serrão, em Fátima encontra-se “um capítulo de grande destaque da arte em Portugal. E quando falo em Portugal, falo efetivamente numa escala mundial”, salientou o historiador, defendendo que a elevação a Património da Humanidade “tem pés para andar”.
[Vítor Serrão na apresentação do livro de Marco Duarte]
Turismo do Centro aplaude a ideia
O Turismo do Centro já veio aplaudir esta proposta de candidatura de Fátima a Património da Humanidade e considerou que o conjunto monumental que existente no Santuário de Fátima, no distrito de Santarém, justifica plenamente a candidatura a Património da Humanidade, sugerida pelo historiador de arte Vítor Serrão.
Raul Almeida é presidente da entidade de Turismo que engloba cem municípios, entre os quais Ourém, de que faz parte Fátima, e reconhece que ao longo de décadas, o Santuário convidou alguns dos melhores artistas para deixarem o seu cunho no recinto, sob a forma de obras de arte de grande qualidade.
“Este conjunto monumental justifica plenamente uma candidatura a Património da Humanidade da UNESCO”, sublinhou.
O Centro de Portugal tem já quatro lugares classificados como Património da Humanidade: Mosteiro de Alcobaça, Mosteiro da Batalha, Convento de Cristo, em Tomar, e Universidade de Coimbra, Alta e Sofia.
Estando todos a poucos quilómetros de Fátima, poderia ser desenhado um percurso pelos cinco lugares com a classificação máxima da UNESCO, sendo mais um incentivo à sua descoberta em conjunto, defendeu Raul Almeida.
Mesmo que esta candidatura não fosse aprovada, motivaria novas visitas ao Santuário, com milhares de pessoas a descobrirem as obras de arte que atualmente são pouco divulgadas – incluindo pessoas cuja motivação não é religiosa, mas apreciadores de arte e do património, afirmou ainda Raul Almeida.
A divulgação associada ao processo atrairia “visitantes que contribuem para a economia local e regional”. Caso a classificação fosse consumada, “Fátima entraria no lote restrito de lugares distinguidos pela UNESCO como Património da Humanidade, o que teria consequências na sua promoção em todo o mundo e consequente aumento dos fluxos turísticos”.
A arquitetura, pintura, escultura, vitrais, mobiliário litúrgico e demais arte do Santuário é “uma obra de arte digna de ganhar lugar de destaque no património da humanidade”, concluiu.
[imagem: Haya, Ecclesia]